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Repositório de informações clínicas de COVID-19 no Brasil entra em plena operação

Elton Alisson | Agência FAPESP – Após um período-piloto de testes e de consultas à comunidade de pesquisa, entrou em operação hoje (01/07) o COVID-19 Data Sharing/BR, o primeiro repositório de dados abertos do Brasil com dados demográficos e exames clínicos e laboratoriais de pacientes que fizeram testes para COVID-19 em unidades laboratoriais no país e em hospitais do Estado de São Paulo.

O repositório abriga dados abertos e anonimizados de, inicialmente, mais de 177 mil pacientes, 9.634 dados de desfecho e um total de quase 5 milhões de resultados de exames clínicos e laboratoriais realizados em todo o país pelo Grupo Fleury e na cidade de São Paulo pelos hospitais Israelita Albert Einstein e Sírio-Libanês desde novembro de 2019.

Ainda que o primeiro caso da doença no Brasil tenha sido registrado em fevereiro, pelo Hospital Albert Einstein, o período de cobertura dos dados permitirá aos pesquisadores analisarem o histórico de saúde, bem como buscar evidências de sintomas da COVID-19 em pacientes atendidos anteriormente.

Novos dados serão inseridos regularmente pelo Grupo Fleury, Hospital Sírio-Libanês e Israelita Albert Einstein e gerenciados no repositório, sediado na Universidade de São Paulo (USP). As quatro instituições disponibilizaram informações, infraestrutura, tecnologias e recursos humanos próprios para viabilizar o compartilhamento de dados.

A FAPESP está em tratativas avançadas com outras instituições de atendimento a pacientes, públicas e privadas, para compartilhar informações no repositório COVID-19 Data Sharing/BR.

A base de dados é resultado de uma iniciativa da FAPESP, em parceria com a USP, e tem o objetivo de compartilhar informações clínicas anonimizadas de pacientes para subsidiar pesquisas científicas sobre a doença nas diversas áreas de conhecimento.

“Ciência é cada vez mais uma atividade coletiva e as iniciativas de compartilhamento de dados têm se ampliado em todo o mundo. A estratégia de Open Science da FAPESP é o pano de fundo desta iniciativa. Buscamos aproveitar a crise para alavancar a iniciativa de Data Sharing sediada na USP. Nossa expectativa é que possamos não apenas agregar novos parceiros, mas, sobretudo, contribuir para que a comunidade cientifica tenha dados de qualidade para propor soluções que nos permitam enfrentar a pandemia”, diz Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

O repositório disponibiliza três categorias de informação: dados demográficos (gênero, ano de nascimento e região de residência do paciente) e de exames clínicos e/ou laboratoriais, além de informações, quando disponíveis, sobre a movimentação do paciente, como internações, por exemplo, e desfecho dos casos, como recuperação ou óbitos.

Em uma segunda etapa, que já está sendo planejada pela iniciativa, o COVID-19 Data Sharing/BR abrigará também dados de imagens, como radiografias e tomografias.

Contribuições de pesquisadores

O lançamento do repositório teve um cronograma de três etapas. Uma versão pequena do conjunto de dados foi inicialmente disponibilizada no dia 17 de junho para um período-piloto de consultas. Dessa forma, a comunidade de pesquisa pôde baixar os dados e começou a analisá-los e visualizá-los usando técnicas de ciência de dados (leia mais em agencia.fapesp.br/33427/).

Até o dia 24 de junho, os grupos de pesquisa interessados puderam enviar dúvidas e comentários para os responsáveis pelo repositório COVID-19 Data Sharing/BR. Nesse período, foram recebidos cerca de 30 e-mails com perguntas e sugestões de pesquisadores.

As contribuições da comunidade de pesquisa irão ajudar a melhorar as informações e a documentação do repositório.

“Todas as sugestões serão analisadas e verificaremos o que poderá ou não ser implementado em curto, médio e longo prazo”, diz à Agência FAPESP Cláudia Bauzer Medeiros, professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e participante do projeto.

Uma das sugestões já resultou em um pequeno ajuste na versão final do repositório. “Na maior parte das situações vamos analisar o que pode ser feito para contribuir para o maior número possível de pesquisas”, afirma Medeiros, que é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em eScience e Data Science.

Além de pesquisadores do Brasil, o conjunto inicial de dados disponibilizado no dia 17 de junho para consultas foi acessado e baixado por cientistas dos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Argentina, Romênia, Holanda, Reino Unido, Índia, Canadá, França, Finlândia e Tailândia.

Iniciativas internacionais

O lançamento do repositório faz parte de um movimento da ciência global, denominado ciência aberta, com o objetivo de tornar públicos os dados utilizados em pesquisas e que ganhou maior força com a pandemia de COVID-19.

Além do repositório lançado pela FAPESP, outras agências de fomento à pesquisa no mundo estão adotando iniciativas semelhantes.

No dia 16 de junho, o Centro Nacional de Dados para a Saúde (CD2H) e o Centro Nacional de Ciência Translacional Avançada (NCATS), dos Estados Unidos, anunciaram a criação de um portal centralizado de dados clínicos de pacientes com COVID-19. A iniciativa é resultado de uma parceria com diversas agências norte-americanas, incluindo o National Institutes of Health (NIH).

De acordo com um comunicado à imprensa, a plataforma, chamada N3C (sigla em inglês de National COVID Cohort Collaborative), irá capturar sistematicamente dados clínicos, de diagnóstico e de laboratório de centros de pesquisa e prestadores de serviços de saúde participantes em todo o país e agregá-los em um formato mais padronizado e de fácil acesso, de modo a permitir que os usuários tenham novas ideias de pesquisa colaborativa.

Os dados brutos, contudo, não serão disponibilizados. “Eles utilizarão um padrão internacional que não permitirá ter acesso aos dados brutos, mas a uma interface para um sistema que permitirá solicitar análises de um conjunto de dados e a plataforma fornecerá os resultados”, explica Medeiros.

Outra iniciativa recente de disponibilização de dados clínicos de COVID-19 foi a Rede de Implementação do VODAN, na Europa.

Resultado de uma parceria público-privada, o objetivo do consórcio VODAN é tornar os dados sobre a doença públicos, de modo que sejam localizáveis, acessíveis, interoperáveis – FAIR, na sigla em inglês de Findable, Acessible, Interoperable and Reusable – e, portanto, reutilizáveis por humanos e computadores.

“Atualmente, há uma série de iniciativas listadas nessa plataforma, em todos os níveis de compartilhamento de dados, com protocolos de disponibilização bastante rígidos”, diz Medeiros.

Alguns dos diferenciais do COVID-19 Data Sharing/BR em relação a esses projetos internacionais é que a plataforma reúne dados de brasileiros, com qualidade suficiente para incluí-los em grandes estudos internacionais. Dessa forma, a iniciativa contribui não apenas para pesquisas voltadas à realidade brasileira, mas também para acelerar a pesquisa mundial na busca por uma vacina ou cura da doença, avalia a pesquisadora.

“Muitos dos dados que estão sendo colocados em plataformas internacionais são de ensaios clínicos, e não de exames clínicos e laboratoriais de pacientes como são os do COVID-19 Data Sharing”, compara.
 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

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Organização britânica lança chamada de pesquisa para respostas rápidas à COVID-19

Agência FAPESP – A United Kingdom Research and Innovation (UKRI) lançou uma nova chamada de pesquisa para respostas rápidas à COVID-19.

Pesquisadores do Estado de São Paulo podem submeter propostas de pesquisa em parceria com pesquisadores britânicos para projetos com duração de 18 meses, com até 100% dos custos de ambas as partes financiados pela UKRI. Não há data-limite para inscrições.

As propostas de pesquisa devem estar relacionadas a projetos de curto prazo que se proponham a abordar e mitigar, além dos impactos da COVID-19 à saúde, também os efeitos sociais, econômicos, culturais e ambientais da pandemia em países de baixa e média renda.

A chamada é financiada pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) e pelo Newton Fund, que abordam os desafios globais por meio de pesquisa disciplinar e interdisciplinar e fortalecem a capacidade de pesquisa e inovação tanto no Reino Unido como nos países em desenvolvimento.

A UKRI apoiará propostas que sejam adequadas a uma das três categorias da chamada. A primeira categoria engloba novas pesquisas ou inovações com solução clara para impactar políticas ou práticas que tenham o potencial (dentro do período do prêmio) de contribuir significativamente para o entendimento, resposta e recuperação da pandemia da COVID-19 no contexto de um país em desenvolvimento.

A segunda categoria abrange propostas que apoiem a criação e/ou adoção em larga escala de uma intervenção com potencial significativo de impacto nos países em desenvolvimento. A terceira categoria considerará propostas que reúnam dados e recursos críticos rapidamente para uso em pesquisas futuras.

Os candidatos devem preencher formulário e seguir as instruções disponíveis no site da UKRI.

Mais informações em: https://bit.ly/2ZkwcVg.
 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

FAPESP cria repositório de informações clínicas para subsidiar pesquisas sobre COVID-19

Elton Alisson | Agência FAPESP – Pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa de todo o país passam, a partir de hoje (17/06), a ter acesso ao COVID-19 Data Sharing/BR, o primeiro repositório do país com dados demográficos e exames clínicos e laboratoriais anonimizados de pacientes que fizeram testes para COVID-19 em unidades laboratoriais e hospitais do Estado de São Paulo.

O objetivo da plataforma é compartilhar informações clínicas de pacientes anonimizados para subsidiar pesquisas científicas sobre a doença nas diversas áreas do conhecimento.

A base de dados compartilhados é resultado de uma iniciativa da FAPESP, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), e já conta com a adesão de hospitais e unidades laboratoriais de atendimento a pacientes.

A parceria reúne, nesta primeira etapa, o Grupo Fleury e os hospitais Sírio-Libanês e Israelita Albert Einstein, que disponibilizaram informações, infraestrutura, tecnologias e recursos humanos próprios para viabilizar o compartilhamento de dados. A FAPESP está contatando outras instituições de atendimento a pacientes para compartilhar informações no repositório COVID-19 Data Sharing/BR.

“A ideia central da plataforma é subsidiar a pesquisa científica sobre a COVID-19 ao compartilhar dados que não seriam disponibilizados de outra forma, de modo a mobilizar a comunidade de cientistas da computação, matemáticos e analistas de informações, para que possam contribuir com novas ideias para o enfrentamento da atual epidemia da doença”, disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, durante coletiva de imprensa on-line para o lançamento do repositório, realizada pela FAPESP.

O repositório abrigará, inicialmente, dados abertos e anonimizados de 75 mil pacientes, 6.500 dados de desfecho e um total de mais de 1,6 milhão de exames clínicos e laboratoriais realizados em todo o país pelo Grupo Fleury e na cidade de São Paulo pelos hospitais Sírio-Libanês e Israelita Albert Einstein desde novembro de 2019.

Ainda que o primeiro caso da doença no Brasil tenha sido registrado em fevereiro, pelo Hospital Albert Einstein, o período de cobertura dos dados permitirá que as pesquisas analisem o histórico de saúde dos pacientes, bem como busquem evidências de sintomas da COVID-19 em pacientes atendidos anteriormente. Novos dados serão inseridos pelo Grupo Fleury, Hospital Sírio-Libanês e Einstein regularmente.

O repositório disponibilizará três categorias de informação: dados demográficos (gênero, ano de nascimento e região de residência do paciente) e dados de exames clínicos e/ou laboratoriais, além de informações, quando disponíveis, sobre a movimentação do paciente, como internações, por exemplo, e desfecho dos casos, como recuperação ou óbitos. Em uma segunda etapa, o COVID-19 Data Sharing/BR abrigará também dados de imagens, como radiografias e tomografias.

“Em termos de valores, a obtenção desses dados por outros meios representaria um custo da ordem de centenas de milhões de reais. A gratuidade no acesso a essas informações será possível em razão da disponibilidade e generosidade dessas três instituições participantes da iniciativa”, disse Mello.

O lançamento do repositório tem um cronograma de três etapas. Uma versão pequena do conjunto de dados será inicialmente disponibilizada hoje (17/06) para um período-piloto de consultas. Dessa forma, a comunidade de pesquisa poderá baixar os dados e começar a analisá-los e visualizá-los usando técnicas de ciência de dados.

Até o dia 24 de junho, os grupos de pesquisa interessados poderão enviar dúvidas e comentários para os responsáveis pelo repositório COVID-19 Data Sharing/BR pelo e-mail covid19datasharing@fapesp.br. Esse feedback da comunidade durante o período-piloto será usado para melhorar as informações e a documentação do repositório. O conjunto inicial completo dos dados abertos e anonimizados será disponibilizado ao público a partir do dia 1º de julho.

“Neste primeiro momento iremos disponibilizar um conjunto de dados-piloto, para análise exploratória, para à medida que os analistas de dados comecem a usá-los sejam melhorados”, disse João Eduardo Ferreira, professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, participante do projeto.

Avanço na compreensão da doença

O diretor-executivo médico do Grupo Fleury, Edgar Rizzatti, destacou que o repositório permitirá o acesso a dados para a realização de pesquisas não só pela comunidade científica, mas também para o desenvolvimento de soluções tecnológicas por empreendedores e startups.

“Desde o início da pandemia temos sido procurados por startups, pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa, em iniciativas isoladas ou em colaboração, interessados na disponibilização de dados anonimizados de pacientes com COVID-19 para o desenvolvimento de projetos de pesquisa ou para o desenvolvimento de estratégias em ciências de dados ou de algoritmos de inteligência artificial. Por isso, acredito que essa iniciativa pioneira permitirá um melhor entendimento da COVID-19”, afirmou.

A opinião de Rizzatti é compartilhada por Luiz Fernando Lima Reis, diretor de ensino e pesquisa do Sírio-Libanês. “A base de dados possibilitará à comunidade científica ter acesso a dados que refletem a situação atual da epidemia de COVID-19 no Brasil e as características que a doença adquiriu no país, que só poderá ser combatida por meio de soluções baseadas em dados”, disse.

O pesquisador ressaltou o cuidado tomado pelo comitê gestor do repositório em garantir a anonimização de todos os dados dos pacientes, de forma a preservar suas identidades, e atender todas as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados.

O diretor-superintendente de pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo, ressaltou que o momento atual representa uma oportunidade para mostrar a pujança da pesquisa que também tem sido feita em instituições não governamentais voltadas ao combate da COVID-19.

“Temos hoje no Einstein 68 projetos de pesquisa em andamento relacionados à COVID-19, iniciados nos últimos seis meses, e mais 113 em vias de ser inicializado. Isso mostra que nós, como instituições não governamentais, temos um papel importante e podemos contribuir muito para a pesquisa no Estado de São Paulo e no país”, disse.

Origem do repositório

A ideia de criação do repositório COVID-19 Data Sharing/BR surgiu há pouco mais de um mês e foi concretizada rapidamente graças a outro projeto lançado pela FAPESP no final do ano passado, a Rede de Repositórios de Dados Científicos do Estado de São Paulo.

A rede, que levou quase três anos para ser desenvolvida, disponibiliza em uma plataforma aberta dados associados a pesquisas científicas desenvolvidas em todas as áreas de conhecimento por instituições de ensino superior e pesquisa públicas no Estado de São Paulo. A mesma plataforma abrigará também o repositório COVID-19 Data Sharing/BR.

O desenvolvimento da rede, que inclui um buscador de metadados, contou com o envolvimento das seis universidades públicas do Estado de São Paulo – USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) –, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Embrapa Informática Agropecuária (CNPTIA/Embrapa).

“O compartilhamento de dados é essencial para enfrentar uma situação como a que estamos vivendo agora e que deverá ser perene”, disse Sylvio Canuto, pró-reitor de pesquisa da USP.

Na avaliação de Cláudia Bauzer Medeiros, professora do Instituto de Computação da Unicamp e participante do projeto, o repositório de dados será útil não só para pesquisas sobre COVID-19, mas também no futuro, para eventualmente orientar políticas públicas para evitar que situações como a atual voltem a acontecer ou minimizar os efeitos de futuras pandemias.

“O repositório reúne dados produzidos por brasileiros, que irão contribuir para a ciência mundial”, afirmou.

 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.