Arquivo do Autor: lschiavon

Repositório vai reunir e disponibilizar dados para aperfeiçoamento dos sistemas de saúde

André Julião | Agência FAPESP – Prever epidemias, preparar-se para períodos favoráveis a surtos de doenças, obter informações para agir antes que os casos se agravem. Estas são algumas das possíveis aplicações da plataforma Inteli.Gente Saúde, que o Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial Recriando Ambientes (IARA) está desenvolvendo.

O repositório fará a coleta de dados públicos relacionados às doenças epidemiológicas e de morbidade, com base nos dados de saúde da plataforma Inteli.Gente no período de 2019 a 2024. O objetivo é desenvolver diagnósticos preditivos e customizados para a gestão, governança e monitoramento das cidades em saúde, bem como para a transformação digital e desenvolvimento urbano sustentável.

A plataforma Inteli.Gente é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que diagnostica o nível de maturidade em transformação digital e desenvolvimento urbano sustentável das cidades brasileiras (leia mais em: agencia.fapesp.br/50145/). Sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos, o CPA-IARA tem apoio da FAPESP e do MCTI.

“Partindo da plataforma Inteli.Gente, estamos criando esse data lake, um repositório com indicadores de saúde, usando como piloto dados do Estado de São Paulo. Com eles, vamos identificar cenários, padrões e utilizar modelos preditivos para chegar a diagnósticos”, explicou Márcia Martinez, pesquisadora do IARA, durante a abertura do debate “Saúde no Estado de São Paulo: Panorama Geral, Desafios e Oportunidades”.

O evento, ocorrido no dia 5 de março, foi promovido pelo CPA-IARA em parceria com o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e transmitido on-line.

Com as informações coletadas e disponibilizadas pela plataforma, os pesquisadores pretendem fornecer uma visão do perfil de saúde da população do Estado, apresentando possibilidades de identificação de soluções para doenças respiratórias e epidemiológicas, monitoramento de saúde, medicina personalizada e formulação de políticas públicas.

Vanguarda

O pesquisador do IARA Robson Bonidia lembrou que existem atualmente muitos dados disponíveis, em diversos setores, que podem inspirar soluções usando inteligência artificial, inclusive na saúde.

“Estudos mostram que a inteligência artificial desempenhou um papel fundamental na pandemia de COVID-19, desde testes rápidos até modelos matemáticos que previram quando ocorreriam os picos da doença”, disse.

Um exemplo apresentado foi a iniciativa AutoAI-Pandemics, capitaneada pelo ICMC-USP, que busca democratizar o uso de ferramentas de acesso à ciência de dados e técnicas de aprendizado de máquina a não especialistas nessas técnicas, mas que trabalhem com saúde.

“A ideia é que pesquisadores de outras áreas insiram os dados e consigam utilizar essas ferramentas e aproveitar o poder que elas têm para gerar informação”, contou.

A plataforma Inteli.Gente Saúde, por sua vez, vai conter tanto dados não estruturados do Estado de São Paulo como relatórios médicos em texto e dados mais simples e estatísticos, como os do Datasus.

O objetivo é gerar informações que possam impactar a tomada de decisão dos gestores públicos e formuladores de políticas, como deputados, vereadores, secretarias estaduais e municipais de saúde.

“Talvez o Estado de São Paulo seja o primeiro no mundo a alcançar esse nível de solução, de integrar todos os dados para a tomada de decisões, podendo prever e mesmo evitar surtos e epidemias, por exemplo. Com isso, estará na vanguarda, com os outros Estados vindo a seguir o exemplo”, afirmou.

Para Luisa Pasetto, pesquisadora do IARA e coordenadora da plataforma Inteli.Gente, ferramentas de inteligência artificial podem fortalecer as decisões que os governos têm de tomar na área de saúde.

“O Brasil já erradicou uma série de doenças que acabam atingindo novamente a população. Esse diálogo vem apresentar o que conseguimos oferecer de produto para ajudar nesse setor”, encerrou.

O evento pode ser visto na íntegra em: www.youtube.com/watch?v=UEjyHQ5OG1w.

Desafios do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação precisam ser enfrentados de forma descentralizada

Elton Alisson | Agência FAPESP – O sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) possui grandes desafios para assegurar a estabilidade na provisão dos recursos necessários para a realização de pesquisa e desenvolvimento em todas as regiões do país. Para superá-los, é preciso fortalecer os sistemas regionais e estaduais e que os esforços sejam descentralizados.

A avaliação foi feita por Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, na abertura da Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI). O evento, que começou ontem (07/03) e termina hoje (08/03), na Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, tem o objetivo de preparar as contribuições do Estado de São Paulo para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), marcada para ocorrer entre 4 e 6 de junho, em Brasília.

Na avaliação de Zago, um dos desafios a serem vencidos pelo sistema de CT&I do Brasil é a heterogeneidade e os desequilíbrios regionais. Mais de 35% da produção científica do país, por exemplo, está concentrada em São Paulo, que tem quase 22% da população e gera um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A despeito disso, a maior parte dos investimentos públicos para essa finalidade no Estado é feita pelo governo estadual.

“O Estado de São Paulo é o único da federação onde o governo local contribui mais [em CT&I] do que o governo federal”, comparou Zago.


Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP (foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP)

Para enfrentar o desafio da heterogeneidade e dos desequilíbrios regionais é preciso reforçar a capacidade de produção de ciência e tecnologia de modo equilibrado em todas as regiões do país por meio do fortalecimento das agendas estaduais e regionais de desenvolvimento científico e tecnológico.

As agendas estaduais e regionais de CT&I precisam contar com participação da comunidade acadêmica e de empresas locais, apresentar uma melhor combinação de recursos federais com os estaduais e possuir linhas estratégicas que levem em conta interesses e oportunidades locais, sugeriu o dirigente.

“A agenda de CT&I do Estado de São Paulo, por exemplo, não pode ser a mesma do Ceará, Mato Grosso ou de Rondônia”, disse.

Outro desafio apontado pelo presidente da FAPESP para o sistema nacional de CT&I é a baixa participação do setor empresarial em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O Estado de São Paulo também é o único da federação em que os investimentos privados para essa finalidade são maiores do que os governamentais.

“Em todos os países líderes em ciência e tecnologia no mundo, como os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha, os investimentos em CT&I são predominantemente do setor empresarial”, afirmou Zago.

No Brasil e em outros países da América Latina, assim como nas nações de renda média, a pesquisa básica é financiada majoritariamente pelo setor público. Mas, em países avançados, as empresas respondem por parte significativa, comparou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP em outra palestra no evento, focada no financiamento público e privado (com e sem fins lucrativos) da pesquisa e da inovação e que será tema de reportagem a ser publicada na próxima segunda-feira (11/03) na Agência FAPESP.

Ausência de estratégia nacional

Na avaliação de Zago, hoje, no Brasil, há uma falta de linhas estratégicas e de políticas de ciência e tecnologia desenvolvidas conjuntamente pelo governo federal, Estados, municípios e entes privados.

O último plano nacional de CT&I que foi amplamente discutido com a comunidade científica e empresarial do país foi o referente ao período de 2007 a 2010, sublinhou o presidente da FAPESP.

“A ausência de uma estratégia nacional de CT&I impossibilita a priorização de investimentos e a articulação de ações entre os setores acadêmico, privado e governamental”, disse.

A expectativa é que o novo plano nacional de CT&I surja a partir das discussões que acontecerão durante a 5ª CNCTI.

Com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”, a conferência nacional pretende ser um espaço para que diversos atores da sociedade possam discutir o papel da CT&I no país e seu rumo nos próximos anos.

O objetivo do evento será analisar os programas, planos e resultados da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2023, a fim de propor recomendações para a elaboração da ENCTI 2024-2030.

“Esperamos que no final desse processo se articule novamente um plano nacional de ciência e tecnologia com linhas prioritárias de ações, metas muito bem definidas e, mais importante, recursos financeiros reservados para a sua execução”, disse Zago.

Eventos preparatórios estão sendo realizados em todos os Estados da federação. A agenda pode ser conferida pelo link: https://5cncti.org.br/#agenda-eventos.

“O grande objetivo desta conferência estadual é estabelecer um fórum amplo de discussões, buscando definir prioridades e recomendações para o planejamento de ações de financiamento da ciência brasileira”, disse Glaucius Oliva, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP) e presidente da conferência estadual.


Glaucius Oliva, presidente da CECTI (foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP)

Ao final do evento, será produzido um relato com todas as principais conclusões, recomendações, necessidades e demandas para o planejamento da ciência do Estado de São Paulo e do Brasil, que será disponibilizado para a comunidade científica e enviado para a comissão de sistematização da 5ª CNCTI para pautar as discussões durante o evento.

“Esta conferência estadual contribuirá não só para levarmos sugestões para a conferência nacional, mas também nos ajudará a discutir internamente como vamos conduzir nossas próximas ações voltadas ao fortalecimento da CT&I no Estado de São Paulo”, disse Vahan Agopyan, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação na abertura do evento.


Vahan Agopyan, secretário estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP)

A primeira sessão da conferência, sobre financiamento e organização da pesquisa e da inovação, teve a participação, além do presidente do CTA da FAPESP, de Sérgio Salles, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Mayra Izar, consultora de inovação do Sebrae for Startups; e Kenia Antonio Cardoso, coordenadora de nova economia e desenvolvimento territorial na Fundação Tide Setubal.

A segunda sessão, sobre fortalecimento dos sistemas regionais e estaduais de CT&I, teve a participação, além do presidente da FAPESP, de Hernan Chaimovich, professor da USP; Rafael Fassio, procurador do Estado de São Paulo; Antonio José Roque, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); e Paula Lima, diretora-presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec).

Mais informações sobre a CECTI estão disponíveis em: fapesp.br/cecti.

O vídeo das duas primeiras sessões apresentadas na manhã de quinta-feira pode ser acessado em: www.youtube.com/watch?v=X5YhWVqfDp8&t=5012s.

Biblioteca do Instituto de Saúde – Saiba mais

A Biblioteca do Instituto de Saúde integra a BVS Rede de Informação e Conhecimento, desde sua implantação, em 2006.

Com uma produção científica direcionada à Saúde Coletiva, possui uma base de dados específica na BVS RIC, com cerca de 1.800 registros, grande parte com acesso ao texto completo, garantindo o controle bibliográfico da instituição.

Para acessar essa base de dados (ISPROD), clique aqui

As principais publicações do Instituto de Saúde encontram-se indexadas nesta base.  Os links abaixo, são recortes específicos para estas publicações:

Temas em saúde coletiva

 Bis, Bol. Inst. Saúde

Todo este conteúdo indexado impacta em maior visibilidade à comunidade científica e à própria instituição.

Entre outros serviços, a Biblioteca do Instituto de Saúde elabora um clipping sobre o tema “Saúde da População Negra”. Este clipping, que está em sua 3ª edição, é enviado por e-mail a cada 15 dias, a todos os colaboradores do Instituto.

Confira a última edição

Para saber mais sobre a Biblioteca do Instituto de Saúde, clique aqui