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FAPESP lança Iniciativa Pesquisadores em Risco

Pesquisadores

Agência FAPESP – A FAPESP acaba de lançar uma chamada de propostas que tem o objetivo de possibilitar que instituições de pesquisa do Estado de São Paulo recebam pesquisadores de países em que suas atividades estejam expostas a risco. O edital de suplementação rápida, com valor total de R$ 20 milhões, oferecerá Auxílio Pesquisador Visitante e Bolsas de Pós-Doutorado.

As submissões de propostas podem ser feitas pelo Sistema de Apoio à Gestão (SAGe) entre hoje (28/03) e 30 de agosto. Os processos de avaliação seguirão um fluxo especial, garantindo que as análises ocorram em poucos dias, considerando a situação de emergência.

“A FAPESP lançou uma chamada de implementação rápida em 2020, no início da pandemia. Na ocasião, conseguimos em quatro dias ter projetos aprovados. Aqui também trabalharemos para que a presente chamada possa ter resultados semelhantes em eficiência. Entendemos que a velocidade, sem prejuízo da avaliação da pertinência das propostas, deva ser nosso principal determinante”, afirma Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

O Auxílio a Pesquisador Visitante será concedido por até 12 meses, podendo ser prorrogado, em caráter excepcional. As Bolsas de Pós-Doutorado terão duração de 24 meses, igualmente prorrogáveis. As propostas serão analisadas assim que forem submetidas, até o limite dos recursos disponíveis ou a data de encerramento do edital.

Durante a vigência do Auxílio a Pesquisador Visitante ou da Bolsa de Pós-Doutorado, a instituição deverá garantir aos pesquisadores o apoio institucional necessário para a condução da pesquisa, bem como para a sua instalação na cidade em que será desenvolvido o projeto.

A chamada está disponível em: fapesp.br/15400/iniciativa-pesquisadores-em-risco.

Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail paisesconflagrados@fapesp.br.

 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Grupo da USP cria o primeiro banco de dados genômicos de bactérias multirresistentes

Karina Toledo | Agência FAPESP – Com o objetivo de contribuir para o monitoramento e o controle de bactérias multirresistentes, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores criaram a plataforma One Health Brazilian Resistance (OneBR), que reúne dados epidemiológicos, fenotípicos e informações genômicas de microrganismos classificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como de “prioridade crítica”, ou seja, aqueles contra os quais se necessita buscar urgentemente novos antibióticos porque os atualmente disponíveis perderam efeito.

Até o momento, o banco conta com dados de aproximadamente 500 patógenos humanos e outros 200 devem ser adicionados em breve. A iniciativa tem apoio da FAPESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates (leia mais em: agencia.fapesp.br/29415/).

“E a plataforma não é restrita a bactérias que infectam seres humanos. A iniciativa incorpora também a área veterinária, ou seja, agentes infecciosos de animais de criação ou domésticos; e também a microbiologia ambiental e dos alimentos. Nos baseamos no conceito de One Health [saúde única, que propõe a interconexão entre saúde humana, dos animais e do ambiente que os rodeia]”, diz à Agência FAPESP Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador do projeto.

Outra perspectiva do grupo é incluir dados coletados por colegas latino-americanos. “Estamos conversando com pesquisadores de Chile, Argentina, Uruguai, Equador, entre outros. Seria mais interessante monitorar bactérias em nível continental, pois há grande circulação de pessoas e animais entre os países. A plataforma é como lego. Construímos a base e, a partir disso, as possibilidades são infinitas”, afirma Lincopan.

O acesso ao material é gratuito, on-line e não requer cadastro ou autorização. Basta entrar no site e navegar. Entre as informações disponíveis estão: o local em que o patógeno foi isolado (com dados de geolocalização do hospital ou serviço de saúde), dados clínicos do paciente (se a bactéria foi isolada da pele ou do sangue, por exemplo; em que data; que tipo de doença causou; quais medicamentos foram administrados; se o paciente foi hospitalizado etc.), dados epidemiológicos (número de casos registrados e distribuição geográfica, por exemplo) e a sequência completa do genoma bacteriano, com destaque para os principais genes de resistência e virulência – informações que podem ajudar o médico a escolher um antibiótico que tenha eficácia.

Todos os genomas inseridos na base de dados foram sequenciados pela equipe de Lincopan. Os isolados bacterianos enviados por colaboradores de todo o Brasil estão armazenados em um biorrepositório sediado na USP.

“Vamos supor que uma bactéria multirresistente seja detectada em um paciente de Recife. O profissional de saúde busca na plataforma e descobre que esse mesmo clone foi isolado em um hospital de São Paulo no ano anterior. Ele poderá perguntar se o paciente esteve internado nesse hospital e, em caso positivo, avisar a instituição sobre a disseminação e a possível origem do patógeno”, exemplifica o pesquisador.

O big data reunido na plataforma pode ser útil não apenas para médicos e equipes de vigilância sanitária, como também para veterinários, biólogos, engenheiros ambientais e pesquisadores ligados à área de biotecnologia, avalia Lincopan.

“É possível, por exemplo, buscar marcadores moleculares que possibilitem o desenvolvimento de kits para diagnóstico. Outra aplicação que estamos explorando, com colegas da área de inteligência artificial [IA], é a automatização do antibiograma com base nos dados genômicos”, conta.

Como explica o pesquisador, o antibiograma é um teste que se faz para descobrir a quais antibióticos uma bactéria é suscetível. Hoje a técnica envolve o cultivo in vitro do microrganismo, em um processo que leva até 48 horas. Com o dado genômico e técnicas de IA, seria possível obter essa informação no mesmo dia do diagnóstico.

Desafio global

A OMS divulgou em 2017 a primeira lista de “agentes patogênicos prioritários” resistentes aos antibióticos – um catálogo de 12 famílias de bactérias que representam a maior ameaça para a saúde humana. A lista foi elaborada numa tentativa de orientar e promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos antibióticos, como parte dos esforços para enfrentar a crescente resistência global aos medicamentos antimicrobianos.

A lista da OMS é dividida em três categorias de acordo com a urgência em que se necessitam novos antibióticos: prioridade crítica, alta ou média.

O grupo mais crítico de todos inclui bactérias multirresistentes, que são particularmente perigosas em hospitais, casas de repouso e entre os pacientes cujos cuidados exigem processos invasivos, como ventilação mecânica e cateteres intravenosos. Entre elas estão Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacterales (incluindo Klebsiella pneumoniae, E. coli, Serratia marcescens e Proteus spp). São patógenos que podem causar infecções graves e se tornaram resistentes a um grande número de antibióticos, incluindo carbapenemas e cefalosporinas de terceira geração – os melhores antibióticos disponíveis para tratamento de bactérias multirresistentes.

O segundo e terceiro nível da lista – as categorias de prioridade alta e média – contêm outras bactérias que são cada vez mais resistentes aos fármacos e provocam doenças comuns, como gonorreia ou intoxicação alimentar causada por Salmonella.

Uma das primeiras análises de dados genômicos nacionais contidos na plataforma foi liderada pela pós-doutoranda do ICB-USP Bruna Fuga. Os resultados foram publicados na revista Microbiology Spectrum, da Sociedade Americana de Microbiologia. O estudo faz um alerta sobre a rápida disseminação e adaptação de clones internacionais de E. coli, que apresentam a convergência de um amplo resistoma (conjunto de genes de resistência aos antimicrobianos) e viruloma (conjunto de genes de virulência), na interface humana-ambiental-animal no Brasil, o que prospectivamente será um desafio de saúde única para um cenário pós-pandemia.

Para mais informações sobre a plataforma OneBR e sobre os estudos já publicados com base nos dados cadastrados acesse: onehealthbr.com/.

O artigo WHO Critical Priority Escherichia coli as One Health Challenge for a Post-Pandemic Scenario: Genomic Surveillance and Analysis of Current Trends in Brazil pode ser acessado em: journals.asm.org/doi/epub/10.1128/spectrum.01256-21.

 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

FAPESP financiará a realização de novas Escolas São Paulo de Ciência Avançada

Agência FAPESP – A FAPESP anuncia nova chamada da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), que oferece recursos para a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada nas diferentes áreas do conhecimento no Estado de São Paulo.

É a 16a chamada da modalidade, que tem periodicidade anual; contudo, em decorrência das restrições sanitárias impostas pela pandemia de COVID-19, não houve editais durante os anos de 2020 e 2021.

As Escolas São Paulo de Ciência Avançada oferecem meios de disseminação de informação e ideias de uma forma que não poderia ser obtida por meio de canais usuais de comunicação, como publicações científicas e apresentações em eventos científicos.

Além de contribuir para o avanço do conhecimento e para a formação dos participantes, espera-se que os eventos apoiados contribuam para dar visibilidade à pesquisa, aos programas de doutorado e a oportunidades para estágios de pós-doutorado no Estado de São Paulo, em especial a candidatos de outros Estados e países.

Nas escolas selecionadas, cientistas com interesses profissionais comuns se reunirão por períodos de 10 a 14 dias, promovendo intensa discussão e análise dos aspectos mais avançados em seus campos de pesquisa. A nova chamada selecionará até cinco escolas, com início a partir de março de 2023. Excepcionalmente, a FAPESP poderá analisar a realização, ainda em 2022, de Escolas São Paulo que versem sobre os 200 anos da Independência do Brasil.

Os professores que lecionarão as disciplinas nas escolas selecionadas deverão ser pesquisadores de excelente qualificação e destaque, incluindo cientistas estrangeiros convidados.

Espera-se que entre os pesquisadores convidados para apresentar minicursos ou palestras haja cientistas de alta visibilidade mundial, evidenciada por meio de elementos como o recebimento de prêmios científicos de alto nível, publicações de impacto reconhecido pela comunidade da área, liderança em organizações de destaque internacional. Com isso busca-se oferecer aos estudantes participantes a oportunidade de conviver com destacados cientistas.

Os estudantes participantes devem estar matriculados em cursos de graduação ou pós-graduação no Brasil ou exterior, sendo potenciais candidatos a cursos de mestrado e doutorado ou a estágios de pós-doutorado em instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo. Também poderão ser aceitos alguns jovens doutores.

Os estudantes selecionados terão a oportunidade de apresentar, em sessões de pôsteres, os resultados de seus trabalhos, discutindo progressos com os pesquisadores participantes.

Na seleção, serão priorizadas propostas com temas não cobertos recentemente nas escolas selecionadas pela modalidade ESPCA.

Submissões serão recebidas até 25 de abril exclusivamente pelo Serviço de Apoio à Gestão (SAGe) da FAPESP.

A chamada está disponível em: espca.fapesp.br/detalhe/chamada/16.

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.