Parceria entre FAPESP e NWO financiará projetos de pesquisa sobre materiais avançados para saúde

André Julião | Agência FAPESP – Materiais que possam ser implantados em humanos para realizar funções perdidas, sem causar rejeição ou infecção, são um dos temas de pesquisa mais promissores na área de saúde. O campo de estudo tem unido atualmente engenheiros, médicos e biólogos, entre outros especialistas, no mundo todo.

Com o objetivo de promover parcerias entre pesquisadores de São Paulo e dos Países Baixos em projetos que tragam avanços significativos na área, a FAPESP e a Organização Neerlandesa para a Pesquisa Científica (NWO) lançaram uma chamada de propostas com o tema “Biomateriais projetados: materiais avançados para a saúde”. Pesquisadores se reuniram em São Paulo e nos Países Baixos, em evento transmitido on-line na última quinta-feira (06/10), para falar de seus projetos atuais sobre o tema.

“Além de base científica sólida, estamos buscando propostas conjuntas que destaquem a inovação e a interdisciplinaridade, em particular entre os campos das pesquisas em saúde e ciências de materiais. Com a NWO, a chamada é apoiada pelo Merrian Fund, fundo para cooperação internacional com nações emergentes em ciência. A FAPESP é a parceira principal para os projetos do Merrian Fund no Brasil hoje”, destacou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante a abertura do evento.

“Esta é a nona chamada conjunta entre a FAPESP e a NWO, o que mostra a longa história que temos juntos. Normalmente, promovemos chamadas em temas relacionados à natureza e recursos naturais, mas agora lançamos essa sobre materiais avançados em saúde”, completou Anita Hardon, membro do comitê executivo da NWO.

Para o conselheiro em inovação, tecnologia e ciência do Consulado Geral dos Países Baixos em São Paulo, Robert Thijssen, o encontro é apenas uma das frentes da diplomacia do país europeu para fortalecer os vínculos com o Brasil nessa área.

“Na mesma semana desse encontro tivemos uma delegação de pesquisadores visitando empresas e universidades no Estado de São Paulo”, contou o diplomata, que revelou ainda que cerca de 80 neerlandeses assistiram ao evento, somando os que participaram on-line e presencialmente em São Paulo.

José Roberto de França Arruda, coordenador adjunto da FAPESP, explicou que a chamada é eminentemente multidisciplinar e cobre um amplo espectro de ciências físicas, biológicas e químicas necessárias ao desenvolvimento de biomateriais e às disciplinas clínicas em que eles são usados. As propostas, explicou, deverão ter uma perspectiva holística, desde pesquisa fundamental até a aplicada. “Podem incluir ainda empresas e outros parceiros”, acrescentou.

Entre os vários projetos apresentados, Mauro Salles, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), falou sobre o que ele desenvolve com apoio da FAPESP.

“O projeto está relacionado à análise dos microrganismos que produzem infecções associadas aos implantes de novos biomateriais. As osteomielites, como são chamadas, são muito difíceis de serem tratadas com os antibióticos convencionais. Nossa ideia é entender como os microrganismos se defendem e como os biomateriais podem atuar contra eles. Essa é uma oportunidade de fazer novas colaborações, reforçando a que já temos com a Universidade de Maastricht”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.

“Um ponto positivo do encontro foi a presença de pessoas da indústria e de pequenas empresas. É algo interessante, que a FAPESP busca ter mais. A NWO está nos ajudando bastante. O setor privado, particularmente nessa chamada, é muito importante”, concluiu Alexandre Rocatto, coordenador de Programas Científicos da Gerência de Colaborações em Pesquisa da Diretoria Científica da FAPESP.

O orçamento disponibilizado para a chamada é de € 2,8 milhões pela NWO e R$ 15,2 milhões da FAPESP.

O prazo para a submissão de pré-propostas vai até o dia 10 de novembro. O prazo final para a submissão dos projetos pré-aprovados é 6 de junho de 2023.

Para saber mais detalhes da chamada, acesse: fapesp.br/15563.

 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.