Livro: Modos de envelhecer contemporâneos: ensaios críticos

Livro: MODOS DE ENVELHECER CONTEMPORÂNEOS: ensaios críticos, de autoria de Monique Borba Cerqueira, pesquisadora do Instituto de Saúde, da SES/SP
Resenha: O centro de gravidade deste livro está perto e distante da realidade vivida, porque preso a debates teóricos e também a escutas múltiplas sobre formas de viver a vida. Por isso, traz o espanto com a cansada obscuridade sobre a qual se procura traduzir rotinas e imagens embaralhadas sobre o envelhecer que proliferam hoje como problemáticas do real. O envelhecimento e a velhice são postos à luz a partir de camadas de significados incessantes que, em absoluto, devem supor um olhar raso como se houvesse “boa tampa para toda panela” na sua leitura e interpretação.
Nosso intuito é pensar o envelhecer como possibilidade, histórias cheias de começo sem fim, dispensando a decifração de suas verdades, mas apontando para sinais, caminhos, condutas, derrotas e sabedorias. A vida está nos desafiando, dizendo coisas sem parar. Assim transcorrem os fatos, notícias, fenômenos que atestam sobre o evento da velhice e do envelhecimento atual. Imagens se deslocam aflitas diante da membrana dos nossos olhos que enxergam a maturidade como forma de envelhecer, muitas vezes abdicando ou lutando contra a própria velhice. São os voos noturnos da borboleta azul que sonha com a juventude eternizada, mas eventualmente pouco valoriza ou reflete sobre a transformação da lagarta. Envelhecer pode ser se agigantar, se assenhorear do mundo ou se apequenar, desistir, imitar valores que não conversam com a experiência de longos anos vividos. Isto pode ocorrer em diversas circunstâncias da vida atual, algumas inescapáveis, quando advindas do diálogo surdo com as mídias, devido à tirania do setor saúde, de uma situação de escassez e pobreza, preconceito, abandono e falta de empatia — sinais da fissura civilizatória que vivemos.

Mover o conhecimento para o campo da diversidade expande olhares, sentimentos e saberes com os quais reconhecemos as constantes mudanças do chão que pisamos. A diferença é a real tarefa para atestar que estamos vivos. É insustentável tentar compreender o envelhecimento descolado dos seus modos de vida, sem receber os conselhos do mundo ao refazermos a leitura de fraquezas, encandecendo forças.

Os textos reproduzidos neste livro foram revistos e ampliados, escritos em diferentes momentos, e descrevem a velhice e o envelhecimento desde as suas pontas abissais — do centro hostil, movendo-se entre as externalidades do mundo até sua intimidade, silêncio e vastidão da contemporaneidade.